O poder do consumo nas favelas brasileiras

Moradores de favelas no país movimentam R$ 56 bi por ano.

 

 Uma pesquisa realizada pelo instituto Data Popular, em parceria com a Central Única de Favelas (Cufa) revela que os 12 milhões de habitantes das favelas brasileiras movimentam cerca de R$ 56 bilhões por ano, o que equivale ao Produto Interno Bruto (PIB) da Bolívia.


O  consumo popular triplicou nos últimos dez anos aponta o estudo, realizado a partir do cruzamento de dados da Pesquisa  Nacional por Amostras de Domicílios (PNAD) com os da Pesquisa dos Orçamentos Familiares (POF).

Este enorme potencial de consumo está sendo percebido pelos novos empreendedores, para o diretor do Data Popular, Renato Meirelles, este nicho de mercado ainda é pouco explorado devido ao preconceito.

" O morador de favela não quer sair da favela, ele quer capitalizar isso nas marcas que ele usa. Esse era um mercado invisível, pois estava debaixo dos nossos narizes, mas as pessoas só enxergavam a favela pela ótica da violência e do tráfico" afirmou Meirelles. Segundo ele, dois terços dos moradores de favelas do país pertencem à metade mais rica do mundo.

De acordo com a pesquisa, o crescimento da classe C foi maior nas comunidades das metrópoles do que no interior do país, com alta de quase 50% na última década (de 45% para 66%), assim como a média de escolaridade, que subiu de quatro para seis anos no mesmo período.

O dono da empresa Vai Voando, Tomas Rabe, é um dos empresários que apostaram no consumidor de baixa renda e hoje não se arrepende. Com cerca de 70 lojas de vendas de passagens áreas somente em favelas, sobretudo do Rio e São Paulo, a empresa, criada há pouco mais de dois anos, tem planos de abrir mais 50 lojas este ano, apenas no Rio de Janeiro.

“Este mercado é invisível para quem não está atento”, disse o empresário. Segundo ele, menos de três anos depois, a empresa está embarcando uma média de 3 mil passageiros por mês, com 43 mil passageiros embarcados até hoje.

Rabe explicou que, uma vez rompido o preconceito, é importante entender esse público e se adequar aos hábitos de consumo e à realidade dessa população. “A maioria não usa cartão de crédito e muitos não têm nem conta em banco. Então, nossa forma de pagamento é por boleto pré-pago”, explicou ele.  


Com informações da Agência Brasil.

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