O Estranho na Política

O avanço tecnológico transformou radicalmente o modo de ver e vivenciar a realidade. A política como palco das representações sociais sofre as conseqüências inevitáveis da transição do modelo industrial para a nova sociedade informacional.
Neste estágio, o fluxo e a velocidade da informação reduz o papel do intermediário ou da representação social substituídas por mecanismos que favorecem a manifestação direta do indivíduo que passa a reivindicar o papel de emissor de sua própria mensagem.
Redirecionadas para a política, a temática comunicacional suscita novas reflexões, a principal delas sobre o papel das representações no parlamento ou sobre a necessidade ou a eficácia de sistemas de representação indireta da cidadania.
Afinal, se a proliferação de ferramentas computacionais massificaram e propiciaram o acesso de milhões ao modo de produção de conteúdo , porque manter um sistema de representação que não consegue suprir a velocidade das demandas sociais, muito mais prementes e complexas do que os problemas sociais dos séculos XVIII ou XIX.
Se o desenvolvimento de equipamentos e acessórios digitais permitem a inserção de novos sujeitos na comunicação, o que impedem estes mesmos sujeitos de influirem sobre a realidade objetiva que vivem?
Certamente a orientação vocacionada de quem busca um papel de protagonista nas densa e complexa rede sociais, de quem deseja escapar do anonimato ou se comunicar com as grandes massas justificam e explicam a sobrevivência do sistema representacional. O que mantém a dúvida sobre como reagirão as milhões de pessoas que lutam todos os dias por uma determinada causa. Ninguém em sã consciência quer transferir prerrogativas naturais para outros, mesmo que do outro lado esteja um brilhante quadro social.
Nem se trata de reverenciar apressadamente aqueles que se julgam arautos da liberdade, utilizando modos estranhos de governança e que circulam América Latina adentro despertando e conquistando apreciadores e adversários.
As tecnologias digitais otimizaram o tempo e forneceram recursos adequados para a manifestação dos movimentos sociais, não mais a iniciativa isolada e heróica de alguns mas a oportunidade histórica de fazer política com as próprias mãos,sem falsos profetas,sem meias palavras, sem mediadores.
Entretanto, a ação direta do sujeito político é projeção para um futuro próximo, que se tornará possível quando o acesso à educação e aos recursos tecnológicos se democratizar de fato, materializando a vontade popular no contexto das redes colaborativas.
Com o advento dos novos recursos tecnológicos, se tornou possível o exercício do controle sobre as representações políticas, proporcionando por parte dos políticos maior atenção com os meios de comunicação e com os mecanismos que permitem diálogos diretos e respostas eficientes e imediatas. .
A sociedade em processo permanente de organização, sintonizada e solidária, aliviada agradece.

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