Elis e Lula
Em entrevista concedida ao Folhetim da Folha de São Paulo, em 3 de junho de 1979, Elis Regina fala da emoção do encontro com Lula, então líder operário que desafiava as regras do regime
militar.
Eis um trecho:
FOLHETIM - Como é que foi seu encontro com o Lula?
ELIS REGINA - Bom, ele primeiro falou uns três palavrões daqueles maravilhosos, que você fica logo super à vontade. Depois, ele ficou brincando de ver - pegar no braço - e ver se existe mesmo ou é figurinha de televisão e ficou me sacaneando um bom tempo. Eu fiquei morrendo de vergonha e conversei muito pouco com ele. Ele estava muito eufórico com a presença das pessoas lá. Ele estava contente.
FOLHETIM - A imagem que você tinha dele bateu com a realidade?
ELIS REGINA - Eu acho que ficou uma coisa mais forte. Ele é uma pessoa baixinha, troncudinho, fala olhando dentro do olho, tem uma cara ótima. Mas aquele cara deve saber tudo. Inclusive, eu perguntei pra ele: é você, rapaz, que está aprontando tudo isso? Ele falou: "eu, aprontando? Imagina, sou apenas um trabalhador". Eu falei: tá legal. Você não tem tamanho pra folgar desse jeito não, hein rapaz? Você é muito pequinininho. Aí ele ficou brincando um tempão. É que o clima estava meio de festa mesmo. Deu pra conversar pouco, ele deixou o telefone prá gente ligar pra ele, que ele gostaria muito de ir na minha casa, prá gente conversar, saber uns lances da profissão da gente. Pra ficar melhor informado.
FOLHETIM - Mas como é que fica essa transa do artista com o operário?
ELIS REGINA - "Você acha que tem muita diferença?" (Risos.)
FOLHETIM - Não é um negócio mais de moda, não virou modismo estar do lado deles?
ELIS REGINA - Eu não sei se é moda. Quando acontecem esses "shows", surgem quatro tipos de adesão: as pessoas que vão porque acham que é isso mesmo, que têm mais é que ir. Tem o pessoal que vai com medo de dizer não e ficar ruço, tipo, assim, arregou; tem nego que vai numa de aparecer, porque é uma oportunidade boa pra aparecer, e tem o pessoal que pinta porque é festa.
Leia a íntegra aqui. ( para assinantes Folha e UOL)

Eis um trecho:
FOLHETIM - Como é que foi seu encontro com o Lula?
ELIS REGINA - Bom, ele primeiro falou uns três palavrões daqueles maravilhosos, que você fica logo super à vontade. Depois, ele ficou brincando de ver - pegar no braço - e ver se existe mesmo ou é figurinha de televisão e ficou me sacaneando um bom tempo. Eu fiquei morrendo de vergonha e conversei muito pouco com ele. Ele estava muito eufórico com a presença das pessoas lá. Ele estava contente.
FOLHETIM - A imagem que você tinha dele bateu com a realidade?
ELIS REGINA - Eu acho que ficou uma coisa mais forte. Ele é uma pessoa baixinha, troncudinho, fala olhando dentro do olho, tem uma cara ótima. Mas aquele cara deve saber tudo. Inclusive, eu perguntei pra ele: é você, rapaz, que está aprontando tudo isso? Ele falou: "eu, aprontando? Imagina, sou apenas um trabalhador". Eu falei: tá legal. Você não tem tamanho pra folgar desse jeito não, hein rapaz? Você é muito pequinininho. Aí ele ficou brincando um tempão. É que o clima estava meio de festa mesmo. Deu pra conversar pouco, ele deixou o telefone prá gente ligar pra ele, que ele gostaria muito de ir na minha casa, prá gente conversar, saber uns lances da profissão da gente. Pra ficar melhor informado.
FOLHETIM - Mas como é que fica essa transa do artista com o operário?
ELIS REGINA - "Você acha que tem muita diferença?" (Risos.)
FOLHETIM - Não é um negócio mais de moda, não virou modismo estar do lado deles?
ELIS REGINA - Eu não sei se é moda. Quando acontecem esses "shows", surgem quatro tipos de adesão: as pessoas que vão porque acham que é isso mesmo, que têm mais é que ir. Tem o pessoal que vai com medo de dizer não e ficar ruço, tipo, assim, arregou; tem nego que vai numa de aparecer, porque é uma oportunidade boa pra aparecer, e tem o pessoal que pinta porque é festa.
Leia a íntegra aqui. ( para assinantes Folha e UOL)
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