Ética de Romano

Em 2007, no auge da crise do mensalão participei do semiminário: Ética no Jornalismo Contemporâneo, promovido pela CBN e PUC -RJ, na mesa mediada por Giovani Faria, ilustres personalidades como a comentarista política Lúcia Hipólito, o ex-editor do jornal O Globo Arthur Dapieve, o âncora da CBN, Heródoto Barbeiro e o professor de filosofia e ética da Unicamp, Roberto Romano.
Heródoto apresentou uma definição para o tema central do debate: "Ser ético é aquilo que a gente faz até quando ninguém está vendo."

No restante do seminário o ataque ao governo petista e aos políticos em geral foi a tônica. Entre os membros da mesa e a platéia reinou um estranho consenso. Afinal o que a imprensa noticiava era uma enxurrada de denúncias sobre corrupção no governo.
Não sei mas sempre fica a impressão de que nem todos os lados são ouvidos pela imprensa, neste caso,a balança sempre pende para o lado do mais forte.
O professor Romano tratou da crise de "prudência" que estava ocorrendo na imprensa brasileira com a repercussão dos escândalos políticos, destacando o que chamou de espetáculo. Naquele momento achei que ele manteve uma postura equilibrada.
De lá para cá, Romano em inúmeras entrevistas expressou uma visão bem ao gosto de nossas elites, culminando nesta pérola de entrevista ao jornal O Globo sobre o blog da Petrobras.
Em um determinado trecho o professor diz "A profissão de jornalista é eminentemente intelectual. Uma das funções do intelectual é criticar os dados, sintetizar os dados e interpretar os dados para o leitor. O jornalista não é obrigado a dar a íntegra de uma entrevista. A função do jornalista não é de xerox, vocês não são porta-vozes mecânicos dos interesses vários que se digladiam na sociedade civil e no Estado. O jornalista dá uma interpretação a mais próxima possível do espírito da coisa. Jornalista não é uma maquineta de reproduzir os interesses conflitantes. E, neste caso, bota interesse conflitante
nisso."

A resposta se encaixa com perfeição aos interesses do patronato midiático, e se opõe a outras visões representativas, como as da OAB e ABI, que consideram legítimo a Petrobras publicar um blog com informações precisas sobre tudo o que envolve a empresa, seja no campo econômico, seja no campo político, onde a empresa se encontra no meio de uma disputa que tem como pano de fundo a eleição presidencial de 2010.

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