Movimentos estudantis se dividem em manifestação em defesa da Petrobras


Estudante em passeata pelas ruas de Brasília

Brasília - Uma passeata organizada para marcar o início do 51° Congresso da União Nacional dos Estudantes (Conune) em defesa da Petrobras e contra a CPI instalada no Congresso para investigar a empresa foi marcada pela divisão entre os movimentos estudantis.

Um grupo ligado ao P-SOL fez críticas à gestão da UNE e ao evento realizado hoje (16) com a presença do presidente Lula. “Sou estudante e não sou capacho do governo federal”, gritavam os estudantes.

A presidente da entidade, Lúcia Stumpf, disse que a passeata paralela formada pelo grupo, identificado como Contraponto, não enfraquece o movimento. “O P-SOL constrói a manifestação e essa atitude é de demarcação política”, disse. De acordo com a Polícia Militar, cerca de 1,5 mil pessoas participaram do evento, que também reuniu representantes de centrais sindicas.

O objetivo da passeata - que saiu da catedral, no Eixo Monumental, e foi até o prédio da Petrobras em Brasília - foi revindicar um novo marco regulatório para a exploração da camada pré-sal. Segundo Lúcia, “para impedir que as riquezas do pré-sal sejam tomadas pelo capital privado e pelo estrangeiro”. A presidente lembrou que, na década de 50, a entidade promoveu a campanha “O Petróleo é nosso”, que resultou na criação da Petrobras.

“É uma continuidade daquela luta que hoje tem mais um capítulo importante. Hoje nós dizemos, mais uma vez, que queremos que o pré-sal seja explorado por empresas brasileiras e que os recursos sejam investidos para o povo brasileiro”, afirmou.

O Conune recebeu R$ 100 mil de patrocínio da Petrobras mas, segundo a presidente da entidade, o dinheiro não compromete a legitimidade da manifestação. “A nossa luta se iniciou há meses, com passeatas que já aconteceram em diversas capitais. A empresa nunca exigiu qualquer contrapartida política ao financiar nossas atividades e não seria diferente dessa vez. A autonomia e a independência da UNE estão garantidas”, afirmou.

O representante do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Rodolfo Mohr, era um dos líderes do grupo que se separou da manifestação em defesa da Petrobras. Segundo ele, o ato foi imposto pela diretoria majoritária da UNE. “A gente apóia o mote da defesa da Petrobras, mas dessa forma a passeata só serve para fortalecer o governo na CPI da Petrobras e a candidatura [à Presidência da República] da Dilma Rousseff”, afirmou.

O grupo irá formar uma chapa para disputar as eleições que vão escolher a nova diretoria da entidade, no próximo domingo. “A gente defende uma UNE autônoma, que não se curve ao governo”, disse. Ele criticou o patrocínio da Petrobras e de vários ministérios ao evento. “Eles deram muito dinheiro para comprar a independência da UNE”, opinou Rodolfo Mohr.

A programação do 51° Conune segue amanhã com debates e plenárias ao longo de todo o dia na Universidade de Brasília (UnB). No domingo, os cinco mil delegados votam para eleger a nova diretoria da entidade.

Fonte: Agência Brasil

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