Segurança e cidadania

Vendo a fila indiana formada por traficantes das facções criminosas cruzando a fronteira da Vila do Cruzeiro em direção ao Complexo do Alemão, pensei nas condições desumanas capazes de tornar seres humanos em perigosas máquinas de matar.

A contradição que cerca os jovens da periferia  que vivem na extrema pobreza ao mesmo tempo em que experimentam as sobras de uma sociedade de consumo representadas pelas marcas exibidas no imaginário midiático.

A circulação de idéias fragmentadas na comunidade marginalizada rende uma cultura e um código de valores próprios. A promessa de vida farta garantida pela força sustenta a cultura da violência estimulada por anos de impunidade.

Algumas correntes progressistas reclamam com justa razão da perda de vidas inocentes na guerra sem tréguas contra a criminalidade, culpam o Estado com seus tanques e caveirões.

A estratégia inicial de enfrentamentamento adotada nos primeiros anos do governo Cabral deu lugar a um planejamento de segurança que teve na instalação das UPPs sua mais ação mais importante.

 A valorização da cidadania e a presença do Estado em áreas marcadas pela ausência do poder público contou com o apoio da população, cansada da exploração autoritária de milícas e traficantes. Consolidado o processo de implantação das UPPs, seguiu-se para a etapa de novas unidades em regiões degradadas pelo crime.

A resposta desesperada não custou a chegar, diante da perda de seus territórios, a violência avança contra inocentes e civis. A Guerra travada no ambiente urbano requer paciência pois ao que tudo indica vai levar tempo até se esgotar o estoque de insanidade dos criminosos.

De qualquer modo, 25 de novembro entra para a história como o dia em que as comunidades oprimidas e o  Estado deram um basta contra a opressão e firmaram um tratado significativo de paz e confiança no futuro.

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