A viagem de Obama e o congelamento das percepções.

Dentro de algumas horas, Barack Obama deixa  o Brasil, rumo ao Chile,  para mais uma etapa de sua visita aos países da América Latina. O presidente americano cumpriu em solo brasileiro uma extensa agenda que não deixou dúvidas sobre a importância do Brasil no cenário internacional. De certo modo é a confirmação do acerto da política externa brasileira iniciada no governo Lula, quando decidiu inserir o país de forma soberana no mundo globalizado.

Obama perdeu parte do capital político que cultivou nos últimos anos, suas dificuldades internas com o desempenho da política econômica e a política externa que praticamente  se manteve a mesma de seu antecessor ajudaram a enfraquecer a imagem de estadista que conquistou, não só entre americanos, mas entre ativistas de todo o mundo.

O fato é que a estrutura de estado, as relações de força em uma sociedade reconhecidamente conservadora limitam as tentativas de renovação, vide as dificuldades na aprovação das reformas no sistema de saúde, para falar apenas de um dos problemas que afetam boa parte da população americana.São lutas que se refletem também no campo midiático, não podemos esquecer a reação do canal de notícias da Fox, e seu conservadorismo assumido.

Portanto, mesmo não conseguindo implementar as mudanças esperadas , a eleição de Obama continua tendo uma forte conotação simbólica e sendo um marco no sentido do rompimento de barreiras antes consideradas quase que intransponíveis, a esperança venceu o medo também por lá, aliás com palavras semelhantes, Obama lembrou as trajetórias de Lula e Dilma como exemplos de superação.

A visita do presidente americano, no entanto, provocou protestos de valorosos militantes de esquerda, cujas posições políticas merecem respeito, mas que fraternalmente eu discordo, pelas mesmas razões que citei no início deste texto, repito, graças a política externa iniciada no governo Lula, estamos inseridos de forma soberana no mundo globalizado. O país tem interesses comerciais e desfruta de boas relações com os Estados Unidos. Neste contexto, diante de uma visita feita a convite da presidenta Dilma, não teria sentido a presença de militantes em manifestações em nome do PT, o que não impediria a participação de petistas enquanto militantes de movimentos sociais.

Independente da visão que se tenha sobre o tema, é de se lamentar as prisões efetuados nos protestos contra Obama, o direito de manifestação em uma democracia é sagrado, entre os presos está uma senhora de 69 anos, um exagero. 

No entanto,  é preciso que se registre uma dúvida:  será que as veteranas lideranças do PSTU  alertaram os jovens militantes sobre os riscos de participar de  manifestações frente à tropas militares que nem sempre estão dispostas a tolerar gestos mais radicais? E uma outra perguntinha que não quer se calar: de onde veio os dois coquetéis molotov que teriam ferido um trabalhador em frente ao consulado americano?

Comentários