A fúria dos indignados

Tenho algum tempo de estrada, o suficiente para reconhecer os sinais de manifestações espontâneas como a dos jovens que derrubaram as ditaduras no Oriente Médio ou os que se mobilizam na Grécia e na Espanha exigindo reformas e democracia real.

Sou daqueles que perceberam  no PT,  em 1980, o potencial transformador que mudaria o Brasil,  sua criação por sindicalistas e intelectuais  contrariou grupos da velha esquerda. Na origem, recusava as alianças com outros partidos que não fossem reconhecidamente de esquerda. Anos depois o partido amadureceu, ampliou sua relação com os movimentos sociais, enfrentou 6 eleições presidenciais e chegou ao poder.

Para chegar e se manter no poder,  o PT ampliou sua política de alianças, conquistou prefeituras, governos estaduais e ampliou suas bancadas na Câmara e no Senado Federal. Tal estratégia assegurou a governabilidade, não sem sobressaltos, sem as constantes ameaças vindas da oposição e das repercussões negativas da chamada  imprensa golpista.

Se dependesse da mídia, ela já teria confinado Sarney em uma prisão e levado Lula à uma derrota política, pois sua intenção era deixá-lo no gueto. Entretanto, o PSDB,  sempre disposto a usar as ferramentas  legislativas para marcar o governo sobre pressão, rapidamente recolheria o presidente do Senado e faria afagos no PMDB. Logo não cair nesta armadilha, foi um dos grandes trunfos do governo Lula.

Em Niterói, o processo de alianças foi se consolidando, tendo como principal aliado, o PDT de Leonel Brizola e Jorge Roberto Silveira, se em 1988, a união  com os pedetistas estava fora de questão por não constar do arco de alianças da legenda petista, em 1996, ela adquiriu contornos de uma parceria que se manteria por muito tempo.

Desta maneira, soa estranha o açodamento com que certas lideranças petistas tem se lançado na tentativa de suceder Jorge, alegam inoperância de governo, mas não conseguem disfarçar os planos de sobrevivência política. Para tanto usam de recursos finaceiros para sustentar uma campanha fora de época que tenta mais uma vez desgastar o gestor niteroiense.

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