Cremerj proíbe a participação de médicos em partos domiciliares e restringe o trabalho de obstetrizes, parteiras e acompanhantes.
A decisão do Cremerj ( Conselho Regional de Medicina) em proibir a participação de médicos obstetras em partos domiciliares e a presença de obstetrizes, acompanhantes e parteiras em ambientes hospitalares foi criticada pelo Corem ( Conselho Regional de Enfermagem) e por especialistas da área de saúde. A polêmica acontece no momento em que se discute no Congresso Nacional projeto que trata do exercício da medicina e determina as atividades privativas dos médicos. O chamado Ato Médico divide opiniões na área de saúde, profissionais do setor temem um esvaziamento de suas funções, além da criação de reserva de mercado para os médicos.
Conselho de Enfermagem do Rio entrará com ação
civil contra resoluções do Cremerj
Rio de
Janeiro - O Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro (Coren-RJ) anunciou que irá
entrar com ação civil pública contra as resoluções 265 e 266/2012 do Conselho Regional de Medicina
do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) que proíbem a participação de médicos
obstetras em partos domiciliares e a presença das obstetrizes (profissionais da
área de saúde que acompanham as gestantes no pré-natal, parto e pós-parto),
doulas (acompanhantes) ou parteiras em ambientes hospitalares.
“As
resoluções do Cremerj inibem o direito da mulher de decidir onde e por quem
será acompanhada no seu parto, praticamente a obrigando a dar à luz no
hospital. O Cremerj desrespeita os preceitos dos manuais do Sistema Único de
Saúde (SUS) sobre os direitos sexuais e reprodutivos, além dos decretos do
Ministério da Saúde referentes à humanização no parto”, afirmou a entidade em
nota divulgada em seu site na última sexta-feira (20). O documento é
assinado pelo presidente da entidade, o enfermeiro Pedro de Jesus. O Coren
representa os enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem, além de
obstetrizes.
Segundo a
nota o Coren critica os vetos e os classifica de “atitude arbitrária,
inconsequente, antiética e ilegal”. A entidade informou que finaliza um
documento para ser encaminhado ao Ministério Público, solicitando medidas
contra as resoluções.
O Coren
reclama ainda de um abuso de poder por parte da entidade representativa dos
médicos. “[O Cremerj age] impondo fiscalizações ao trabalho de enfermeiras e parteiras, bem como das casas de
Parto, quando obriga as equipes de emergência a notificarem o Conselho de
Medicina, sempre que ocorrerem complicações em pacientes submetidas a partos
domiciliares e seus conceptos ou oriundas das chamadas casas de Parto.”
A
coordenadora do curso de Obstetrícia da USP, Nadia Zanon Narchi, disse que
encarou com surpresa as duas resoluções do Cremerj, em especial pela inclusão
das obstetrizes. A USP formou, desde 2008, cerca de 120 profissionais do ramo,
que são registradas oficialmente como enfermeiras obstetrizes no Coren, após
quatro anos e meio de curso. Não há notícias, segundo Narchi, de atuação desses
profissionais fora do estado de São Paulo, o que causa uma sensação de
estranhamento diante da inclusão da categoria na resolução.
“O
mercado de trabalho exige uma mudança na forma como as mulheres são atendidas.
O atendimento obstétrico hoje é muito ruim, o Brasil consegue ser o campeão
mundial de cesáreas, hospitais privados não tem vaga, e os médicos ficam loucos
porque agendam cesáreas desnecessárias”, critica Narchi.
Em
relação à presença das acompanhantes nos hospitais, o conselheiro do Cremerj
Luís Fernando Moraes esclareceu ontem (22), em entrevista à Agência
Brasil, que elas não têm nenhuma formação na área da saúde. “Pessoas
leigas dentro de uma sala cirúrgica, atuando, nós achamos que isso é inseguro
também para a paciente, porque essas pessoas não têm formação, não têm noções
de assepsia, de cuidados. Por isso, a gente tenta proteger a paciente com
essas resoluções”, disse. Além disso, segundo ele, o Conselho Federal de
Medicina e a própria Sociedade de Ginecologia consideram o parto domiciliar “um
retrocesso e inseguro”. O profissional que desobeder a resolução responderá a
processo disciplinar.
A
Associação de Alunos e Egressos do Curso de Obstetrícia da Universidade de São
Paulo estuda entrar com ação, com auxílio do Ministério Público paulista,
contra as resoluções do Cremerj. Segundo Narchi, aguardam somente a definição
das formas legais que estão a seu alcance para tal.
“Estamos
em um processo mundial de fortalecimento da parteira, a começar pela
Organização Mundial da Saúde, dizendo que os países que conseguiram melhorar os
seus indicadores de atendimento a assistência obstétrica foram aqueles países
que inseriram obstetrizes e enfermeiras obstetrizes na assistência. Os médicos
ficam resistentes, eles têm medo disso, por ignorância, medo por perda de
poder, medo porque o mercado da cesárea é um mercado altamente lucrativo, e
começam a atirar em todo mundo”, afirmou Narchi.
Principal
programa do governo para a maternidade, a Rede Cegonha prevê que a gestante
conheça previamente a unidade de saúde onde terá o bebê e tenha direito a um
acompanhante, de livre escolha, durante a internação. A Rede Cegonha, lançada
em março de 2011, é uma estratégia do Ministério da Saúde operacionalizada pelo
Sistema Único de Saúde (SUS) e fundamentada nos princípios da humanização e
assistência às gestantes e aos bebês.
Fonte: Agência Brasil
Comentários
Citei seu Blog hoje no meu:
http://www.idade-espiritual.com.br/2012/08/teia-ambiental.html
DEUS te abençoe te faça feliz!!!
Abraços fraternos e festivos de paz