Sandy: furacão evidencia olhar seletivo da mídia

 Mais de 1 milhão de pessoas sofrem com insegurança alimentar após passagem do furacão Sandy pelo Haiti


O furacão Sandy provocou, nos últimos dias, um estranho fenômeno na nossa imprensa: em questão de segundos, os leitores eram informados sobre os problemas no trânsito e sobre as dificuldades de funcionamento do metrô novaiorquino após a tempestade.

Enquanto lamentava os estragos em Nova York, nossa velha mídia ignorava os prejuízos humanos e materiais causados pelo mesmo furacão Sandy no Haiti. É a agenda chic dos neocolonizados selecionando  o que é prioridade para seus leitores , para sorte dos que não se contentam com o que é divulgado pelos meios tradicionais, há outras fontes e meios disseminando informações. Pela internet e redes sociais, as fontes se manifestam e ajudam a circular fatos e ideias que antes dependiam dos antigos meios de cumunicação para serem difundidos.

É uma nova concorrência que evidencia as falhas de certos meios de imprensa e avisa que não podemos confiar nos critérios edtoriais que selecionam um país em detrimento de outros. Por que temos que saber primeiro o que acontece em Nova Yorque e ignorarmos as aflições de países tão próximos como Cuba e Haiti, vítimas do mesmo furacão Sandy que atingiu os Estados Unidos?

A pauta da velha mídia ainda influencia nos temas que iremos discutir ao longo do dia, mas outros meios começam a conquistar credibilidade junto aos formadores de opinião. São agentes da informação multiplicando o poder das fontes e instaurando novas possibilidades de disseminação e acesso a conteúdos.

Quase um quinto da população do Haiti foi afetada pelo furacão Sandy, avalia agência humanitária da ONU

 Cerca de 1,8 milhão de haitianos – quase um quinto da população do país caribenho – foram afetados pelo furacão Sandy, disse na sexta-feira (2) a agência de coordenação humanitária das Nações Unidas, após sua primeira avaliação da situação na região, acrescentando que a segurança alimentar continua a ser uma preocupação urgente no país caribenho.

Os dados iniciais coletados pelo Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) mostrou que o furacão Sandy, que passou pelo Caribe antes de atingir a costa leste dos Estados Unidos, matou 60 pessoas e danificou significativamente infraestruturas crítica tais como estradas, escolas e hospitais, além de destruir milhares de casas.

“As enchentes recuaram desde domingo, mas mais de 18 mil casas foram inundadas, danificadas ou destruídas”, disse um porta-voz da OCHA, Jens Laerke, a jornalistas em Genebra, acrescentando que a segurança alimentar continua a ser uma das principais preocupações contra a qual o país está agora lutando, após a combinação do impacto dos furacões Sandy e Isaac – este último de agosto – e a recente seca. Dados preliminares apontam que a insegurança alimentar atinja agora, Laerke disse, até duas milhões de pessoas.

Além disso, o OCHA afirmou que está preocupado com as quase 350 mil pessoas que ainda estão vivendo em acampamentos para pessoas deslocadas internamente, como resultado de um terremoto devastador que atingiu o país em janeiro de 2010. O funcionário da ONU observou que, embora a maioria dos deslocados internos vulneráveis que foram evacuados dos campos antes da tempestade tenham voltado, cerca de 1.500 pessoas permanecem em 15 abrigos contra os furacões.

Devido ao impacto do furacão, o OCHA afirmou que está considerando uma revisão de emergência do Apelo Consolidado (CAP, na sigla em inglês) para acomodar as necessidades crescentes.
Durante a mesma coletiva de imprensa, um porta-voz da Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que o acesso a serviços de saúde e reabastecimento de suprimentos foi limitado, dado que os rios se tornaram intransitáveis e as estradas foram obstruídas. Ele também alertou que as más condições sanitárias podem aumentar o risco de doenças transmitidas pela água, como o cólera, ainda endêmica no país.

O porta-voz da OMS disse que já ocorreu um aumento nos alertas de cólera, especialmente no sul, e acrescentou que as equipes de campo estão monitorando a situação de perto. A OMS está também trabalhando com o Governo no setor para garantir que os suprimentos de saúde possam ser entregues aos centros de tratamento que haviam sido danificados por fortes ventos e inundações, acrescentou.

890 mil ficaram sem energia em Cuba

Cuba também foi severamente afetada pelo furacão, disse o porta-voz do OCHA, com cortes de energia que afetaram mais de 890 mil pessoas, além de cerca de 200 mil casas danificadas pela tempestade.

Além disso, 375 centros de saúde e diversos hospitais foram danificados, assim como 2.100 escolas. Lavouras foram prejudicadas e comunidades remotas foram isoladas por causa dos danos em estradas e pontes.

Agências humanitárias da ONU estão trabalhando de perto com as autoridades nacionais e locais, doadores e organizações de emergência para apoiar os esforços nacionais. Uma subvenção de dinheiro de emergência de US$ 100 mil foi aprovada e um pedido para o Fundo Central de Resposta de Emergência da ONU (CERF, na sigla em inglês) está em preparação.

Lançado em 2006 e gerido pelo OCHA, o CERF permite a entrega rápida de assistência às pessoas afetadas por desastres naturais e outras crises no mundo todo. É financiado por contribuições voluntárias dos Estados-Membros, organizações não governamentais, governos regionais, setor privado e doadores individuais.

 Fonte: ONU Brasil


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