Há quem considere quixotesco a luta contra a velha mídia e a sua tentativa de criar um ambiente de hostilidades e pessimismos no final deste 2012, as novas tecnologias, no entanto, nos fornecem as condições para comparações livres dos interesses que movem alguns grupos empresarias. Reportaem do Globo, nos leva a olhar para o México mas a desigualdade por lá, como bem nos lembra Emir Sader, continua alta e a situação se agrava quando olhamos para a Europa onde a crise continua promovendo depressão e desespero..
Há muito o que fazer em nosso país, mas o fato de apresentarmos indicadores positivos enquanto diversos países enfrentam uma grave crise, não deixa de ser um um sinal animador para novos tempos de luta e compartilhamento.
Feliz Natal para todos, com muita paz, saúde, trabalho e paz!
O artigo de Maria de Deus Botelho no site o Público nos revela as dificuldades enfrentadas pelos irmãos portugueses neste momento.
O Natal dos simples
Maria de Deus Botelho
Este será o Natal da solidão e da amargura. Da contenção e até da fome. Da desilusão e da desesperança. Da angústia e do desespero. Este será um Natal como nunca deveriam ser os Natais. Um Natal simples, demasiado simples.
Na próxima segunda-feira será, mais uma vez, véspera de
Natal. Muitas famílias reunir-se-ão, como todos os anos, à volta da mesa
para comemorar o nascimento do Menino Jesus (ainda que de forma
inconsciente). Haverá comida, risos nos rostos, presentes para
distribuir e carinhos para dar.
Será mais ou menos assim a véspera de Natal de muitos de nós. Mas,
para tantos outros, este ano trouxe demasiadas mudanças para que, nesta
noite, alguma coisa possa manter-se como foi até agora.
Este ano, haverá demasiada gente a ter um Natal diferente. Gente que
ficou sem casa e agora divide o tecto com outros membros da família; há,
até, quem nem isso tenha. Gente que ficou sem emprego. Gente que está
doente e que não sabe como poderá tratar-se. Gente que, neste Natal,
comerá pouco (ou quase nada), porque não consegue comprar o mínimo
indispensável. Gente que passará frio e gente que estará sozinha, com os
seus familiares longe, porque emigraram. Gente como eu, gente como nós.
Para esta gente, este Natal será, seguramente, o pior dos Natais.
Faltará o bacalhau, os sonhos e o bolo-rei. Não haverá luzes no pinheiro
e o presépio, esse, será de lata. Faltará música e alegria e haverá
mais silêncio e olhares sem brilho. Não haverá presentes; se calhar, nem
mesmo para os mais pequeninos. Serão poucos os sorrisos, substituídos
em muitos casos por lágrimas e comoção.
Este será o Natal da solidão e da amargura. Da contenção e até da
fome. Da desilusão e da desesperança. Da angústia e do desespero. Este
será um Natal como nunca deveriam ser os Natais. Um Natal simples,
demasiado simples.
Quando penso no Natal destas pessoas, não me é possível ficar
indiferente. Por isso, também o meu Natal será muito, muito diferente.
Será, sobretudo, um Natal triste, como tristes estamos todos. Mas, como
sempre (há coisas que não nos podem tirar…), já preparei o meu pedido ao
Menino Jesus: que este Natal, nestas circunstâncias, seja o último, e
que tenhamos todos a capacidade de lutar para dar a volta. Por cima.
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