A oposição da velha imprensa e o mito da imparcialidade

Em sua coluna, publicada na Folha de hoje, Demétrio Magnoli não esconde o seu desejo e o seu papel de opositor dos governos petistas. Em certo trecho, o autor critica a realização da Copa como "a festa macabra da Fifa, bancada com dinheiro público", simbolizando, "a inigualável soberba do lulismo" e dispara: " Que as pessoas voltem às ruas desde a hora do apito inicial e, no entorno das arenas bilionárias, até a cerimônia de encerramento, exponham ao mundo a desfaçatez dessa aliança profana entre os donos do negócio do futebol e os gerentes dos "negócios do Brasil." 

Colunistas como Magnoli e Reinaldo Azevedo na Folha, Merval e Noblat no Globo, oferecem a exata medida de onde quer chegar a velha imprensa. A editorialização do noticiário somados ao trabalho dos articulistas visa estabelecer um ambiente onde prevaleça a desconfiança nos rumos do país. Para o êxito da fórmula, estão proibidas visões conflitantes com os interesses da linha editorial adotada. 


Capa do Globo no dia do golpe
O mito da imparcialidade é usado por estas empresas para conferir um ar de isenção e neutralidade, que elas jamais possuiram. O comportamento dos órgãos de imprensa nos idos de 64, exigindo a reação dos militares, defendendo o golpe e a derrubada do presidente João Goulart, servem como alerta sobre os métodos e as reais intenções destes democratas de ocasião. 

O que os jornais e revistas evitam discutir é que eles são empreendimentos privados atuando na esfera pública. A tensão entre os interesses públicos e privados vai marcar o relacionamento dos oligopólios midiáticos e a classe política na história recente do país. A massificação das tecnologias de informação e comunicação vai começar a mudar este jogo, multiplicando as possibilidades dos movimentos sociais expressarem suas próprias demandas, sem a necessidade de tradicionais mediadores.  Estamos no meio do que parece ser a transição entre  velhas e novas mídias. Ninguém sabe ao certo no que isso vai resultar. As corporações midiáticas tentam encontrar saídas em modelos de negócios lucrativos antes da anunciada obsolescência das velhas rotativas. Novos blogueiros e ativistas digitais buscam encontrar formas sustentáveis para seus empreendimentos comunicacionais. 

Enquanto isso, em  ano de eleições, todo o cuidado é pouco, o desespero é tanto que Magnoli chega a oferecer conselhos ao candidato tucano quando diz "Oposição se faz com o bisturi afiado da crítica e com a bússola apontada para um rumo de mudança. Que o tucano combine radicalidade (de fundo) e civilidade (de forma)."

Mais claro, impossível. 


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