Como explicar a tal política?


Para tentar entender como está a política brasileira, é necessário voltamos no tempo, mas precisamente em 1954, quando o presidente Getúlio Vargas para evitar um golpe eminente, deu um tiro no peito e adiou um desfecho que se daria 10 anos depois. Em 64, João Goulart, para evitar um derramamento de sangue, se exilou no Uruguai. Sem resistência as forças golpistas assumiram o governo, dando início a um longo período de trevas que só terminaria, 21 anos depois, com a chegada de Tancredo Neves à presidência, via colégio eleitoral. 

A vitória da oposição só foi possível após a mobilização em torno da emenda Dante de Oliveira, que inspirou o movimento pelas Diretas Já, mobilizando milhões de brasileiros pela redemocratização do país. Em 1988, se aprovou a constituição cidadã e em 89, se realizou a primeira eleição direta para a presidência tendo como vitorioso o ex- governador de Alagoas Collor de Mello que o metalúrgico Luis Inácio Lula da Silva em disputa acirrada pelo mais alto cargo do país. De lá para cá, teve impeachment do Collor, posse do vice Itamar, eleição e reeleição do tucano Fernando Henrique e os dois mandatos seguidos de Lula e Dilma.

 Agora se parar para analisarmos a crise que se instalou nos últimos meses,veremos as mesmas digitais que provocaram as crises de 54 e 64, os mesmos oligopólios e setores representativos do poder econômico internacional e um aspecto importante, as mesmas empresas de comunicação. Nestes momentos de grave crise institucional lá estavam O Estado de São Paulo, a Folha e o Globo, hoje acrescidos de panfletos disfarçados de revistas, como Veja, Época e Isto É. Todas unidas em uma linha editorial que adotaram uma pauta negativa e uma agenda única onde só entram as más notícias.

Já reparou que não há espaço para boas notícias no noticiário nacional. Pois é, por mais fragilizado que seja um governo, será que não tem uma só boa notícia para publicar? Pense nisso. Há uma série de iniciativas em andamento, obras de infra-estrutura que estão mudando a face do sertão nordestino, como a transposição do Rio São Francisco ou a conclusão da Ferrovia Norte-Sul e que não merecem uma única linhas neste jornais ou alguns segundos no Jornal Nacional. 

Tanta má vontade, tem uma explicação, os governos de Lula e Dilma alteram de forma significativa, a pirâmide social brasileira, hoje ela mais parece um losango, são mais de 40 milhões de brasileiros incluídos socialmente, através de programas como o Bolsa Família e o Brasil sem Miséria. Além disso, temos um dos menores índices de desemprego mundial. Nossa taxa giram em torno de 6%, enquanto países como Grécia e Espanha atravessam uma grave crise, com taxas de desemprego que giram em torno de 25%. Há outras razões, é claro, para tantos ataques, e nossas riquezas estão no foco dos interesses internacionais. Nossa maior empresa, a Petrobras, é líder no desenvolvimento de tecnologia de exploração de petróleo e a descoberta do Pré-Sal aguçou a ganância das empresas petrolíferas americanas e européias. Ou seja, estamos no olho do furacão. 

Não estamos sozinhos, é claro, temos coincidentemente, crises acontecendo em países vizinhos como Argentina e Venezuela. Tratados pela direita, como parte de um plano comunista, estas nações, na verdade, iniciaram um processo de independência e soberania se libertando da histórica ingerência norte-americana. Portanto, não deixa de ser constrangedor, ver brasileiros em passeata, reivindicando uma ditadura militar e intervenção norte-america no Brasil. Estes certamente, faltaram as aulas de história e desconhecem o quanto é danosa uma ditadura para uma nação. Este governo, que foi reeleito há apenas 5 meses, não é perfeito, tem erros, entre os quais, sua política de comunicação, mas nada justifica um golpe na democracia. Porque ao fim e ao cabo, quem lucra são os mesmos poderosos de sempre e quem paga a conta do prejuízo somos nós.

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