A comunicação e a intolerância na era do ódio


É compreensível que as manchetes escandalosas dos jornais e o noticiário envolvendo políticos em casos de corrupção provoquem a revolta de seus leitores. É justo se indignar com as notícias de desvios de recursos que poderiam ser destinados para a saúde e educação. A solidariedade com tais sentimentos, no entanto, não podem reforçar as distorções alimentadas justamente por quem deveria cumprir a nobre função de bem informar. Não é exagero dizer que os meios de comunicação estão contribuindo para deformar seus leitores com um jornalismo de baixa qualidade, ignorando preceitos básicos como a apuração, checagem e a presença do contraditório. Neste modelo, não há espaço para o contraponto, para outras posições, que não sejam aquelas do interesse dos donos da empresa.

Nesta era onde a linguagem violenta e a cultura de ódio transitam das páginas dos jornais para as redes sociais, tudo é permitido. Deste modo, não surpreende ver  funcionários de estatais fazendo oposição aos governos petistas e apoiando manifestações que tem como concepção de fundo, o modelo neoliberal que tem entre seus fundamentos o fortalecimento do mercado e a privatização de empresas públicas.

Uma classe média que sempre acreditou adquirir informação relevante nos jornais pertencentes à meia dúzia de famílias, deposita sua confiança no velho slogan  "Quem lê jornal sabe mais",  sem perceber que a cada instante pode saber bem menos do que imagina. Quem acompanha publicações com matérias descoladas de seu contexto pode ser levado facilmente ao erro. A desvalorização da notícia chegou antes da precarização do trabalho.

Uma parte dos leitores, porém, preserva o discernimento, a reflexão crítica e procura o contraponto por conta própria. Desta forma, esta parcela cada vez mais significativa, usa buscadores e constitui redes de comunicações informais  para escapar das linhas editoriais que poupam os aliados e penalizam os adversários. Estes novos militantes da comunicação podem fazer a diferença no momento em que uma agenda contrária aos interesses dos trabalhadores  é imposta pelo congresso mais conservador dos últimos anos.

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