Meritocracia no campo das desigualdades




Ver pessoas apoiando a ausência de mulheres e negros no ministério golpista de Temer, com o argumento que competência não tem cor nem gênero, nos dá uma ideia de como pensam setores de classe média. O velho discurso da meritocracia é sempre invocado para criticar políticas de inclusão social, como se todos os indivíduos partissem do mesmo ponto, com as mesmas oportunidades. Em entrevista ao Jornal Zero Hora, em novembro de 2011, o professor Jessé Souza aborda a questão:

"Não existe nada de ruim na apologia do esforço pessoal. Ao contrário, o estímulo à competição sadia é um elemento fundamental de qualquer esforço coletivo bem sucedido. É justo se conceder mais benesses a alguém mais esforçado e dedicado que compete em igualdade de condições com seus rivais. O que é injusto é se imaginar que exista alguma igualdade de pontos de partida entre pessoas de classes muito distintas e, portanto, com privilégios muito distintos desde o nascimento em todos os aspectos da vida, e ainda atribuir a mera reprodução de privilégios socialmente construídos desde o berço, a um suposto talento individual inato. É isso que a ideologia da meritocracia e seus defensores fazem o tempo todo sem se envergonhar nem enrubescer o rosto"


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